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Ensaio sobre a guerra - parte 3

  • Foto do escritor: Roger
    Roger
  • 6 de mai.
  • 3 min de leitura

"A guerra é um massacre de pessoas que não se conhecem para o proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram."

(Paul Valéry)


A Guerra no Inconsciente Coletivo e sua Representação no Cinema



A guerra, desde os primórdios da civilização, ocupa um espaço central no imaginário humano. Seja como ferramenta de dominação, meio de resistência ou instrumento de transformação, os conflitos bélicos moldaram sociedades, redefiniram fronteiras e influenciaram profundamente a cultura.


Essa presença constante da guerra no desenvolvimento humano fez com que ela se estabelecesse no inconsciente coletivo, emergindo nas mais diversas formas de expressão artística, em especial no cinema.


A sétima arte, desde seu nascimento, encontrou na guerra um tema recorrente. Filmes de diferentes gêneros e períodos históricos retratam batalhas épicas e embates ideológicos que, muitas vezes, romantizam o confronto e o apresentam como um meio necessário para a obtenção da paz.


Dessa maneira, o cinema reforça uma visão de mundo na qual a guerra se torna não apenas inevitável, mas também desejável, pois conduz à resolução de conflitos de forma definitiva, por meio da aniquilação do inimigo.


Grandes sagas cinematográficas, como Star Wars, O Senhor dos Anéis e Harry Potter, exemplificam essa lógica. Em suas tramas, o embate final entre o bem e o mal se dá por meio de batalhas grandiosas, nas quais a destruição do adversário é o único caminho para restaurar a ordem.


Esse paradigma, profundamente enraizado na narrativa heroica, reforça a ideia de que a paz só pode ser alcançada por meio da guerra, transformando o conflito em um rito de passagem necessário para a conquista da harmonia.


Além disso, a guerra no cinema não apenas reflete a realidade histórica, mas também molda a percepção das massas sobre o fenômeno bélico.


A espetacularização dos combates, o heroísmo exacerbado e a dicotomia simplista entre bons e maus contribuem para uma visão romantizada da guerra, que frequentemente ignora suas consequências devastadoras.


Em produções como Coração Valente, Gladiador e Resgate do Soldado Ryan, por mais que a brutalidade dos conflitos seja evidenciada, ainda há um substrato de glória e honra associado ao campo de batalha.


Essa representação cinematográfica dialoga com arquétipos ancestrais, enraizados na psique coletiva. Desde os mitos gregos, como a Guerra de Troia narrada na Ilíada, até os épicos medievais e as histórias modernas, a figura do herói guerreiro persiste como símbolo de justiça e redenção.


Esse arquétipo continua a ser reciclado pelo cinema, que adapta o imaginário mitológico aos valores contemporâneos, mantendo, porém, a centralidade da guerra como meio de resolução definitiva dos conflitos.


No entanto, algumas produções questionam essa visão. Filmes como Apocalypse Now, O Franco-Atirador e 1917 adotam um olhar mais crítico sobre a guerra, evidenciando seu caráter destrutivo e absurdo.


Essas obras desafiam a narrativa tradicional e oferecem ao público uma perspectiva mais complexa, na qual a guerra não é gloriosa, mas sim um sintoma das falhas humanas e políticas.


A relação entre a guerra e o cinema evidencia como o fenômeno bélico está profundamente enraizado no inconsciente coletivo. Seja romantizando o combate, seja denunciando suas atrocidades, a arte reflete a fascinação e o horror que a guerra inspira na humanidade.


Cabe ao espectador desenvolver um olhar crítico sobre essas representações e questionar:


Até que ponto a guerra é, de fato, um meio necessário para alcançar a paz ou apenas uma repetição de ciclos destrutivos impostos pela própria natureza humana?


Música do dia: "Rosa de Hiroshima", com Secos & Molhados


2025 - RDA Eventos Artísticos - imagem criada com auxílio de IA, uma reinterpretação de Guernica, de Pablo Picasso.
2025 - RDA Eventos Artísticos - imagem criada com auxílio de IA, uma reinterpretação de Guernica, de Pablo Picasso.

 
 
 

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